Espaço sempre
foi artigo raro nas ruas comerciais da Feira de Santana. Há períodos do ano,
todavia, que tornam o problema maior: é o caso do final de ano, com a chegada do Natal, a proximidade do Ano-Novo
e, com eles, todos os apelos consumistas típicos dessas festividades. É a época
em que ruas, praças e avenidas regurgitam, com milhares de transeuntes
acotovelando-se numa incessante busca pelos espaços ínfimos das calçadas,
duelando sob o calor insano de dezembro.
É
costume da época estender o funcionamento do comércio para além dos horários
tradicionais: assim, nos dias que antecedem a ceia natalina, consumidores e
comerciários avançam noite adentro no incessante lufa-lufa da compra e da venda.
Mesmo assim, a caudalosa torrente diurna não cede.
Em
dezembro, nas cálidas manhãs de domingo, e até o meio da tarde, também há lojas
abertas. Nessas ocasiões o fluxo é menos intenso: como cessa o transporte
tradicional nas cidades circunvizinhas, os consumidores dessas localidades
ficam sem alternativa de deslocamento. E mantém a frequência nas datas habituais,
contribuindo para o caos e a pujança do comércio natalino.
Essas medidas, porém, são insuficientes para
atenuar o frenesi das multidões em desenfreado consumismo pelo comércio. Conforme
indicado acima, espaço é produto escasso na Feira de Santana. E a contínua omissão do poder público em relação à
questão, limitando-se a essas medidas excepcionais, aprofunda a desordem
característica dos períodos festivos.
Calçadas estreitas
O centro da
Feira de Santana tem um problema genético, de concepção: as calçadas são
demasiado estreitas, fornecendo espaços exíguos para os pedestres em trânsito.
É o caso da Conselheiro Franco, da Tertuliano Carneiro e dos incontáveis becos
que interligam as principais artérias comerciais do município. Trata-se,
portanto, de um problema praticamente incontornável.
As
dificuldades, porém, só se tornam agudas quando as vias com calçadas mais
largas – como a Senhor dos Passos e a Getúlio Vargas – são desordenadamente
ocupadas por um enxame de camelôs e ambulantes. Sem licença ou planejamento
prévio, montam-se barracas que provocam frequentes aglomerações ou que,
simplesmente, forçam o transeunte a aventurar-se pelas ruas, sob o risco de
atropelamento, entre os carros.
O tempo passa
e a eterna ambiguidade do poder público constitui o principal ingrediente desse
caos: normalmente omissas, a prefeitura e a Câmara Municipal evitam envolver-se
com a questão, receosas de desagradar potenciais eleitores. No máximo, fazem-se
as tradicionais sessões especiais, cujas discussões são ignoradas pelo
Executivo. Enquanto isso, o feirense padece andando pelo centro da cidade.
Medidas emergenciais
Nesse 2014,
como já ocorreu em anos anteriores, prometem-se medidas excepcionais para
tentar atenuar o caos. Faixas amarelas pintadas no chão, para evitar a ocupação
desordenada do calçadão da Sales Barbosa, estão entre as inovações. Essa
medida, a propósito, é insólita: com ela, o ordenamento vira recurso eventual e
a regra torna-se exceção. Cumprir a lei – a desobstrução das vias públicas – torna-se,
dessa forma, um paliativo para período de grande afluxo.
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camelôs e ambulantes, a medida mais cômoda, seria uma insensatez: é a falta de
alternativas que lança muitos trabalhadores à precária aventura do comércio
informal. Essa realidade, porém, não pode servir de pretexto para a paralisia
do poder público, que não se posiciona sobre a questão.
Informa-se que, como solução, dentro em breve,
um entreposto comercial será construído, no Centro de Abastecimento, para
abrigar os camelôs hoje espalhados pelo centro da cidade. Só que, nesse
intervalo, os crônicos problemas de mobilidade no centro comercial vão se
avolumando, principalmente às vésperas do Natal...
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