Há pouco mais de dois anos, quando a campanha eleitoral para prefeito estava em andamento, comentou-se neste espaço sobre a necessidade de solucionar o problema dos múltiplos locais de embarque de passageiros para os distritos feirenses e para municípios da região. Dois anos depois a questão sequer é mencionada e os aborrecimentos se avolumam, já que há um fluxo crescente de passageiros e mercadorias.
O problema é mais visível exatamente onde o trânsito de pedestres e veículos é maior: na avenida Senhor dos Passos – onde até ônibus interurbano desembarca passageiro em ponto de ônibus urbano – e em vias paralelas à avenida, como a rua Visconde do Rio Branco e até lá nas imediações do Feiraguai. Tradicional e problemática, no entanto, é a saída Feira-Serrinha, que existe há décadas e nunca sofreu qualquer tipo de intervenção.
Parcela significativa do transporte é feita por veículos informais e por micro-ônibus e vans legalizados. Muitos são vinculados a cooperativas com emblemas de municípios vizinhos e trazem visitantes movidos por razões diversas: consultas médicas, acesso a serviços públicos, compras no comércio feirense e até mesmo trabalhadores que fazem do ir-e-vir uma atividade cotidiana.
Embora desnecessário, é interessante ressaltar que a atividade gera centenas de postos de trabalho direto, mobiliza o comércio feirense com somas difíceis de mensurar – por conseqüência gerando mais empregos –, favorece consumidores de municípios vizinhos e fortalece os laços de identidade entre a Feira de Santana e seu entorno.
Qualidade
Parece evidente que a presença desses visitantes na Feira de Santana é absolutamente desejável. É também óbvio que o volume crescente de veículos e passageiros exige intervenções no trânsito para evitar transtornos que, a cada dia, se tornam mais constantes.
Mas, mais do que isso, é muito claro que a atração contínua de visitantes exige que a Feira de Santana ofereça condições cômodas para quem, muitas vezes, faz viagens penosas em estradas cujas condições de conservação são precárias e que, chegando na cidade, é forçado a desembarques e embarques incômodos em terminais improvisados.
O problema se torna ainda mais agudo exatamente no final de ano, com ruas e avenidas apinhadas, multidões se deslocando sob o sol implacável de dezembro e com a multiplicação de pacotes nas mãos dos consumidores. Cenário que vai se repetir no próximo mês, principalmente em um ano de crescimento econômico vistoso.
Reordenamento
As mudanças no sistema de transporte urbano completaram cinco anos e pelo menos dois terminais tornaram-se ociosos ou parcialmente ociosos: o da avenida Getúlio Vargas – que se tornou um espaço cultural onde os eventos são raros – e o da praça do Nordestino. Poderiam ser reformados e adaptados para o cômodo embarque e desembarque de visitantes.
Os terminais improvisados que funcionam em praças com destinos específicos podem ser melhorados sem grandes embaraços. É o caso do ponto de kombis para Ipirá, na praça Froes da Mota. Ali as pessoas sentam nos canteiros, expostos ao sol e à chuva, enquanto aguardam o momento da partida.
Oferecer espaços dignos para quem desembarca na Feira de Santana – e até para os feirenses que embarcam – é o mínimo que podem fazer os governantes de um município caracterizado pelo significativo afluxo de visitantes. Não rende tanto voto quanto calçar rua sem esgoto, mas pelo menos sinaliza apreço e respeito pelos que contribuem para a prosperidade econômica da Princesa do Sertão.
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