Muito papel e muita saliva já foram gastos para exaltar o momento econômico vivido pelo Brasil, cujos níveis de crescimento não se verificavam desde a década de 1970. Na sucessão presidencial, por exemplo, a situação ressaltava as realizações recentes e a oposição calava-se, buscando concentrar a discussão em temas secundários, subjetivos ou irrelevantes, já que o bom momento vivido pela economia do país é incontestável.
Aqui ou ali a questão da infra-estrutura – indispensável para sustentar as atuais taxas de expansão – foi tocada, mas muito tangencialmente. A novidade em 2010 ficou por conta da promessa de Zé Serra de construir um metrô na Feira de Santana. Isso figurou nos primeiros dias da campanha, sendo posteriormente retirado das inserções televisivas, o que ajudou a colar nele o rótulo de “Zé Promessa”.
Também se falou muito no aeroporto que, finalmente, parece que está sofrendo algumas intervenções. Os três principais candidatos ao governo da Bahia, a propósito, prometeram qualificar o equipamento que, há pelo menos 25 anos, praticamente só serve de campo de pouso para aves, como se diz popularmente.
Essas discussões e promessas, porém, apenas tangenciaram os principais problemas de infra-estrutura que afligem a Feira de Santana. Dois deles são mais do que visíveis: os problemas na BR 324 – trecho que liga o município a Salvador – e o problemático Anel de Contorno.
“Vai bem, obrigado”
Quem tem transitado nos últimos dias pela BR 324 nota que a construção das praças de pedágio entre a Feira de Santana e a capital “vai muito bem, obrigado”, com obras bastante avançadas. Melhorias de fato na rodovia, pelo visto, vão ficar para quando os viajantes estiverem pagando o pedágio.
Aqui ou ali se tapam buracos, reduz-se a vegetação, fixam-se placas para melhorar a sinalização. Mas as intervenções pontuais não reduzem os problemas no atacado, como o estado precário da pavimentação e – o que é o maior desafio – a ausência de mais faixas que contribuam para desafogar o tráfego intenso.
No Anel de Contorno o problema é ainda maior porque não há o menor sinal de que a situação vá melhorar no médio prazo. Pior: os problemas tendem a se tornar mais agudos, em função do volume crescente de veículos transitando por ali.
Soluções
Há pelo menos uns 15 anos comenta-se sobre a duplicação do Contorno. Apenas comenta-se: ministro vai e ministro vem e nada de decisão. Esse ano ensaiou-se uma solução, com o anúncio da concessão do trecho (BR 324 e Contorno num mesmo pacote) para exploração pela iniciativa privada.
Só que, passados mais de seis meses, não há nenhuma novidade. O novo, aliás, é o aumento sistemático do trânsito pela via, com perda de tempo e risco crescente de acidentes. É o caso do trecho entre a BR 116 Sul e o Hospital Estadual da Criança, que combina subida lenta, má sinalização, tráfego de pedestres e uma incessante procissão de carretas, caminhões, ônibus e veículos menores.
Encerrado o processo eleitoral – que parece paralisar muitos setores do país – espera-se que a partidarização dos problemas saia de cena e a resolução eficiente dos problemas prevaleça. Afinal, a prosperidade econômica da Feira de Santana depende diretamente da melhoria na infra-estrutura viária.
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