Pular para o conteúdo principal

Feira pode perder distritos com enxurrada municipalista


           
          
            Em breve os brasileiros podem voltar a conviver com uma enxurrada de novos municípios. É que, conforme noticiou a imprensa, a presidente Dilma Rousseff concordou em devolver às Assembléias Legislativas estaduais a prerrogativa de criar novos municípios, o que vinha sendo responsabilidade do Congresso Nacional desde 1996, por decisão do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Apesar de alguns critérios pretensamente limitarem as emancipações, certamente o recurso vai servir para a tradicional barganha por apoios nos períodos eleitorais.
            Conforme a imprensa, a Bahia vai sair na frente com a possibilidade de se criar, pelo menos, mais 100 municípios, que se somarão aos 417 já existentes. Assim, ao invés de se racionalizar a estrutura federativa, extinguindo municípios economicamente insustentáveis que vivem com o pires na mão – como é o caso de muitos municípios baianos – novos serão criados, para escorchar ainda mais o contribuinte.
            Como já não dá para mandar imprimir moeda para financiar novos gastos e os orçamentos não são elásticos, as onerosas máquinas que serão criadas vão ser financiadas com os mesmos recursos destinados à educação e à saúde, que já funcionam tão precariamente no país.

            Cenas

            Novos municípios representarão mais câmaras municipais – com toda a estrutura necessária para mantê-las – e secretarias e órgãos governamentais que não fazem falta hoje: gabinetes de prefeitos das novas prefeituras, gabinetes de vice-prefeitos, secretarias de governo e de administração e por aí vai. Tudo em nome do municipalismo.
            Pejados por tantos impostos, os contribuintes brasileiros terão que perder amor aos reais que custearão as viagens de suas excelências para Brasília, palco das incontáveis tratativas para se conseguir mais recursos para os municípios. Tudo isso em nome do inatacável municipalismo à moda nacional.
            De início, no Nordeste, só poderão pretender se emancipar municípios com pelo menos 8,5 mil pessoas. Entre os distritos feirenses, Humildes, por exemplo, estará apto a pretender se desligar da Feira de Santana. É de se imaginar quantos malabarismos se tentarão nos parlamentos estaduais com o propósito de flexibilizar esses limites, restabelecendo a farra do pós-1988.

            Resultados

            Quanto mais recursos foram destinados ao custeio da máquina pública dos novos municípios, menos recursos estarão disponíveis para prestar serviços essenciais à população. É muito provável que se verifique a precarização dos serviços ofertados e não o contrário, como alegam os “municipalistas”.
            O que deveria ser feito – e que não será por causa do forte sentimento bairrista da população – é a redução do número de municípios no Brasil. No Nordeste, boa parte deles depende dos repasses efetuados pela União e pelos Estados. Detentores de pífia atividade econômica, sustentam suas estruturas administrativas às expensas dos contribuintes.
            O chamado municipalismo surgiu como parte da estratégia de desconcentração dos poderes centralizados na União, durante a Ditadura Militar. É uma medida desejável, até o limite de não se tornar instrumentos de poder de chefetes de fundo de província, nem servir de meio de chantagem eleitoreira.        

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Parlamento não digere a democracia virtual

A tentativa do Congresso Nacional de cercear a liberdade de opinião através da Internet é ao mesmo tempo preocupante e alvissareira. Preocupante por motivos óbvios: trata-se de mais uma ingerência – ou tentativa – da classe política de cercear a liberdade de opinião que a Constituição de 1988 prevê e que, até recentemente, era exercida apenas pelos poucos “privilegiados” que tinham acesso aos meios de comunicação convencionais, como jornais impressos, emissoras de rádio e televisão. Por outro lado, é alvissareira por dois motivos: primeiro porque o acesso e o uso da Internet como meio de comunicação no Brasil vem se difundindo, alcançando dezenas de milhões de brasileiros que integram o universo de “incluídos digitais”. Segundo, porque a expansão já causa imensa preocupação na Câmara e no Senado, onde se tenta forjar amarras inúteis no longo prazo. Semana passada a ingerência e a incompreensão do que representa o fenômeno da Internet eram visíveis através das imagens da TV Senado:

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada feira-livre que mobilizava comerciantes e consumidores da região. Isso na época em que não existia a figura do chefe do Executivo, quando as questões administrativas eram resolvidas e encaminhadas pela Câmara Municipal.           

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da