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Feira concentra caminhoneiros em greve

Na Bahia, Feira de Santana é dos principais locais de mobilização da greve dos caminhoneiros autônomos contra os reajustes do óleo diesel. Há uma concentração na BR 116 Norte, nas imediações do bairro Cidade Nova. Desde terça-feira (22), dezenas de veículos estão parados à margem da pista, provocando lentidão no trânsito no sentido centro da cidade, principalmente no início da manhã. Mas não existem piquetes ou bloqueios: apesar do engarrafamento, todo mundo passa.
A frota estacionada é bem variada: vai desde possantes carretas que transportam combustíveis até pequenos ou imensos caminhões-baú, passando por carretas graneleiras de carroceria quadrada e antigos caminhões Mercedes-Benz carregados com engradados vazios de hortifrutigranjeiros. Há caminhões, inclusive, com carga perecível.
A fila, hoje (23) pela manhã, era longa: partindo da passarela da Cidade Nova chegava até defronte ao antigo Derba, pelo lado do Campo Limpo. Mas se estendia também pelas cercanias do Parque Ipê, ocupando aqueles espaços empoeirados às margens da Avenida Transnordestina. Misturam-se à frota estacionada defronte às oficinas e lojas de autopeças das cercanias. Há filas duplas e até triplas.
Ociosos, os caminhoneiros dedicam-se a atividades diversas: alguns, deitados nas cabines, manuseiam celulares com atenção; outros – trajando bermuda e sandálias – agregam-se em grupos que proseiam no lado da pista. E um grupo mais engajado – ali nas imediações da passarela – conduz o movimento. Há até toldos, sob o qual se abrigam quando o calor é mais intenso.
Segundo noticia a imprensa, o movimento já alcança 24 estados. E vem despertando preocupações na cúpula do governo emedebista. Ontem (22), anunciaram uma barganha: a redução de um dos impostos que incide sobre o preço do diesel – a Cide – em troca da reoneração da folha de pagamento de alguns setores. Mas o patronato dos combustíveis quer mais: a desoneração do PIS-Cofins para o segmento.
Michel Temer (MDB-SP), o mandatário de Tietê, já se comprometeu com a redução da Cide. Farejando algum ardil – e escaldados com o leque de promessas descumpridas – os líderes do movimento anunciaram que não recuam. Pelo menos imediatamente. E alegam que só zerar a Cide vai produzir um efeito ínfimo, limitado a uns quantos centavos que qualquer reajuste lá adiante vai engolir.
O episódio dá a sensação de fim de festa que marca a trágica gestão de Michel Temer: alçado ao poder através de uma manobra urdida por Eduardo Cunha (MDB-RJ) e contestado pela população, ele vê o poder ir se diluindo à medida que o governo se aproxima do ocaso. Note-se: ocaso temporal, já que o político é realidade desde a célebre divulgação dos grampos da JBS, em maio do ano passado...

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