Neste 2016
acontecem eleições para prefeito em todo o Brasil e, também, na Feira de
Santana. Pelo que noticia a imprensa feirense, muitos nomes estão colocados –
ou pré-colocados – no tabuleiro local. Alguns, mais afoitos, trombeteiam
críticas ao atual prefeito, José Ronaldo de Carvalho (DEM), que inclusive pode
alcançar um inédito quarto mandato, caso confirme o desejo de permanecer no
posto até 2020. Outros, mais discretos, apegam-se a temas específicos em suas
críticas, surfando no tema do momento no noticiário.
Normalmente, quase
todos os pré-candidatos recuam depois que as conversas se intensificam. Para
consumo externo, alegam a construção de consensos, o fortalecimento do grupo
político ao qual se vinculam e outras desculpas do gênero. Normalmente, não é
nada disso: lançam-se na expectativa de um negociação mais vantajosa lá
adiante, traduzida na forma de cargos ou de apoio para candidaturas ao
Legislativo.
Não é à toa
que as últimas eleições municipais vem assumindo um caráter claramente
plebiscitário: ao invés do magote de candidatos das primeiras disputas de
meados dos anos 1980, evoluímos – ou involuímos – para disputas cada vez mais
polarizadas, nas quais governo e oposição guerreiam em trincheiras próximas,
sem claro verniz ideológico. Isso tanto em Brasília, quanto nos estados e nos
municípios.
Em Feira de
Santana o fenômeno é o mesmo. A última eleição mais plural na cidade vai completar
20 anos, exatamente neste 2016. Quantidade, não necessariamente, é sinônimo de
qualidade; todavia, uma fauna mais variada enriquece as discussões e oferece
aos eleitores um leque mais amplo de opções, como ocorreu em 1996. Na pior das
hipóteses, abandona-se a toada monocórdia da polaridade.
Temas
Nos últimos
anos, ficou evidente que a Feira de Santana acumula uma série de questões
pendentes que exigem discussão e, sobretudo, solução. Uma delas, exaustivamente
mencionada nos últimos anos, é o transporte público. O que já era ruim em 2012
– quando foi um dos principais temas da campanha – segue ruim, apesar de todas
as promessas dos últimos anos. Para constatar, basta observar como os feirenses
sofrem no dia-a-dia.
Outra questão
amarga é a saúde pública: em 2014, o município galgou triste projeção no cenário
nacional, destacando-se como a porta de entrada da Chikungunya no Brasil. Até técnicos do Ministério da Saúde
aportaram por aqui, para investigar o problema, sobretudo no bairro George
Américo. Depois, a Feira de Santana ainda se destacou com a epidemia do Zika vírus. Isso para não mergulhar na
seara do péssimo atendimento habitualmente prestado à população.
O município
também claudica em relação à Educação: em ranking divulgado pelo Ministério da
Educação – com base em notas de estudantes do ensino fundamental – a Feira de
Santana aparece em situação desconfortável, abaixo da meta estabelecida,
distante dos primeiros colocados e bem longe de muitos municípios menores, que,
por dedução, contam com menos recursos disponíveis para investir em educação.
É desejável
que a já extensa lista de pré-candidatos se disponha a discutir esses temas – e
os vários outros que estão colocados, mas que não foram aqui mencionados – caso
estejam sinalizando para uma pretensão à vera de disputar a prefeitura. Caso
não, é melhor silenciar que recorrer aos chavões surrados, às frases de efeito,
à pirotecnia verbal que pouca contribuição traz para resolver os problemas dos
feirenses.
O debate é
oportuno sobretudo em função da severa crise econômica que abala o País e que,
por isso mesmo, torna ainda mais fundamental estabelecer prioridades.
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