Os
números ainda não são conclusivos porque os dados referentes ao mês de dezembro
ainda não estão disponíveis no site do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Mas que a geração de empregos formais na Feira de Santana está em queda não
restam dúvidas: nos onze primeiros meses de 2014, o saldo líquido foi de apenas
577 novas vagas. Alguns, mais otimistas, dirão que, pelo menos, não houve saldo
negativo no intervalo, o que não deixa de ser verdade. Mas, olhando em
perspectiva, verifica-se uma tendência preocupante no médio prazo.
Considerando
os últimos oito anos, 2014 foi o ano com o menor número de empregos formais
gerados. Nos anos mais agudos da crise internacional (2008 e 2009) os
resultados foram, curiosamente, bem melhores: 4,8 mil e 6,6 mil novas vagas,
respectivamente. Isso considerando o intervalo entre janeiro e novembro, para
manter o padrão de comparação com 2014.
Os
melhores desempenhos foram observados em 2010 e 2012, com 8,7 mil e 7,2 mil
empregos, respectivamente, também no mesmo intervalo. Os piores resultados
foram observados em 2007 (3,4 mil empregos) e 2011 (2,8 mil novos postos).
Ainda assim, superiores ao que se verificou nos primeiros onze meses do ano
passado.
Desde
2007 foram gerados 37,7 mil postos de trabalho na Feira de Santana, sempre
considerando os primeiros 11 meses do ano. Nota-se, portanto, que a
contribuição mais modesta aconteceu em 2014, conforme já mencionado. O que isso
significa? Quais as perspectivas para os próximos meses? Fatores endógenos e
exógenos ajudam na explicação.
Fatores Externos
Em
termos exógenos, uma constatação é óbvia: no geral, a economia brasileira
desacelerou em 2014. Está aí o pífio desempenho do Produto Interno Bruto (PIB)
para atestar, inclusive, com um trimestre em recessão. Esse crescimento modesto
da economia nos últimos 12 meses ajudou a conter a expansão de novos postos de
trabalho no País.
Para
2015, as perspectivas não são promissoras: fala-se em PIB igualmente ínfimo e diversos
rumores já sinalizam para uma elevação futura na taxa de juros, o que fortalece
as expectativas de crescimento econômico mais lento, já que elevação nos juros
é sinônimo de retração nas expectativas de investimento.
Somando-se a
isso, os cortes no orçamento anunciados pelos governos tornam o cenário ainda
mais sombrio. Para piorar, anunciaram-se medidas voltadas para o aumento da
arrecadação, o que também tende a resultar em mais retração no investimento. No
front nacional, portanto, as notícias
não são nada alvissareiras.
Fatores Internos
Na Feira de
Santana – que, evidentemente, está exposta às intempéries nacionais indicadas
acima – há problemas específicos que tendem a constranger a geração de novos
postos de trabalho no médio prazo. É o caso, por exemplo, do refluxo natural
nos investimentos em habitação, que viveu um boom expressivo nos últimos anos e que tende a se retrair, ao menos
temporariamente.
É o caso,
também, da baixa qualificação da mão-de-obra local. Enquanto existirem
trabalhadores qualificados disponíveis, as empresas tendem a absorvê-los. A
saturação desse recurso, por outro lado, tende a desencorajar novos
investimentos, em função da baixa produtividade média da mão-de-obra
remanescente. Esse fator já pode estar afetando o desempenho do mercado de
trabalho feirense.
Diversos
outros fatores tendem a influenciar nesse cenário: infraestrutura logística,
incentivos à implantação de novas empresas, tributos municipais, etc. O fato,
porém, é que em 2015 corre-se o risco, até mesmo, de haver retração no número
de empregos formais no município, o que seria desastroso para a economia
feirense. Resta seguir perscrutando o futuro, para verificar se a tendência se
confirma.
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