Semana passada
comentamos que as ruas na Feira de Santana regurgitam com o período natalino.
Levas de consumidores invadem as lojas, examinam produtos com meticuloso
escrúpulo, empreendem incontáveis cálculos mentais para, por fim, retomar as
calçadas com uma infinidade de embrulhos que vão contribuir para tornar ainda
mais caótico o trânsito nas principais artérias da cidade. Depois do Natal o
movimento escasseia: além da tradicional troca de presentes, veem-se apenas
retardatários comprando roupas novas para recepcionar o Ano Novo.
O
movimento vibrante dos dias que antecedem as celebrações do Natal cede lugar,
na pitoresca semana em que se curam as ressacas natalinas e preparam-se corpo e
espírito para recepcionar o Ano Novo, ao ir-e-vir mais lento e menos intenso de
pessoas pelo centro da cidade. Muitos já estarão nas praias, aguardando 2014.
Janeiro
costuma ser período de poucos negócios. É nele que o comércio apura os lucros
do último trimestre do ano anterior e projeta o ano que se inicia. Com base
nessas análises, lançam-se projeções para os próximos 12 meses. Quem contratou
funcionários extras para o final do ano avalia quem será dispensado e quantos
serão mantidos.
Mas isso só
acontece lá adiante, dentro de mais alguns dias. Por enquanto as vias ainda
estão apinhadas, mesmo com as trovoadas que, eventualmente, desabam enchendo as
ruas e atrapalhando o ritual das compras. Pode-se dizer, até, que o clímax
consumista apenas agora é alcançado, nesses quatro dias que antecedem a
tradicional celebração cristã.
Reflexão
Nem tudo no
Natal, porém, é consumo, apesar dos reiterados anúncios na tevê, na internet,
nas rádios e jornais, nos out doors e
nas portas das lojas. Permanece meio esquecido, mas no Natal comemora-se o
nascimento de Jesus Cristo. Ao longo do ano, é esse um dos momentos de maior
reflexão dos cristãos.
Muitos
sentarão diante de uma mesa farta na qual estarão dispostas incontáveis
iguarias. Outros, mais humildes, dispõem de pouco e marcam a data com uma ceia
modesta, mas com esperanças de dias melhores lá no futuro. Muitos outros
estarão no trabalho, outros tantos nos hospitais ou nos cárceres. Certamente
vários estarão profundamente imersos no mais autêntico espírito natalino.
Apesar das
festas, das bebidas e dos banquetes, o Natal é período apropriado para se
refletir. É um momento da vida que se transforma e se renova: por um lado,
espera-se o fim de incômodos e tristezas; de outro, aguardam-se mais alegrias e
felicidade no futuro que se inicia após as datas festivas.
Ano Novo
Nessa trégua
que se estende por mais de uma semana, é possível definir novos rumos, traçar
planos, conceber aprimoramentos pessoais. É nessa época, também, que os novos
projetos costumam ganhar impulso: é o novos emprego, um novo curso, uma nova
paixão, o abandono de antigos vícios ou – o que é tão comum – o início de mais
uma dieta. Esta última, a propósito, costuma ser bem providencial, dados os
excessos comuns a essa época do ano.
A retomada da
rotina nos primeiros dias de janeiro – ou depois do Carnaval, para alguns
privilegiados – às vezes apresenta obstáculos que dissipam os planos
metodicamente alimentados nesses dias de ócio. Não faz mal: movidos pelos sonhos,
os seres humanos necessitam desses momentos em que se constroem “castelos no
ar”.
O fato é que,
apesar das frenéticas corridas às compras, da complexa engenharia das viagens e
dos passeios e das infinitas tratativas para definir a ceia natalina, no dia 25
de dezembro cabe bem uma reflexão sobre a vida. Nessa reflexão, às vezes
melancólica, ainda ressoam os passos já dados, embora já possamos enxergar os
passos que estão por vir...
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