Dilma
Rousseff (PT) ainda cambaleava com a rasteira aplicada pelo emedebismo quando o
controverso Michel Temer (PMDB-SP) anunciou seus planos para a economia
brasileira. Principal beneficiário da orquestração que defenestrou o petismo, o
polêmico presidente prometia os primeiros sinais de recuperação econômica para um
horizonte curto, já em meados de 2016, no máximo no quarto trimestre. Para justificar,
brandia o resgate da festejada “confiança” dos mercados financeiros.
O
discurso oficial recauchutava uma série de clichês, destacando-se a defesa da
redução do tamanho do Estado. Para quem observava com mais atenção era visível
que o novo regime abraçava uma espécie de xamanismo econômico, com o deus
mercado ocupando a condição de principal totem. Aquilo parecia pouco para
vencer a crise.
O
transcorrer dos meses mostrou que os instrumentos invocados pelo emedebismo
para debelar a profunda recessão na economia brasileira são, no mínimo,
insuficientes. Segundo a pajelança oficial, bastava aprovar a controversa PEC
do Teto de Gastos e arrochar o direito do brasileiro à Previdência para
“colocar o País nos trilhos do desenvolvimento”, conforme o mantra repetido ad nauseam.
Alguns
números divulgados recentemente desmentem esse otimismo inconsequente. Pelas
estimativas, a retração na atividade econômica deve superar os 3,4% em 2016;
ano que vem, a economia vai crescer menos de 1%; a chamada confiança declina a
cada levantamento; e a própria inflação só cai satisfatoriamente em função da profunda
recessão em curso.
Pacote
Para
essa semana foi anunciado um pacote de medidas de curto prazo, sob o pretexto de
estimular a atividade econômica. Dizem que o objetivo é desviar as atenções do
escândalo das delações da Odebrecht, cujo conteúdo começa a se tornar
conhecido. Ou seja, o governo pretende recorrer a um malabarismo econômico para
tergiversar sobre o descalabro ético que o abalroa.
O
anúncio lembra muito aqueles pacotes lançados nos estertores da ditadura
militar e no governo José Sarney, mais pirotécnicos que efetivos. É provável
que produza efeito limitado sobre a economia real. Não é negligenciável a
possibilidade que, ao longo de 2017, as insatisfações cresçam com a paralisia
econômica.
A
insatisfação, a propósito, já é visível, conforme atestam os números de uma
pesquisa divulgada no último fim de semana: a avaliação do governo piorou,
assim como as expectativas em relação à economia. Não é improvável que os
brasileiros retomem as manifestações de rua, tornando ainda mais grave o
cenário político do País.
Até aqui falta uma causa
que una amplos setores da sociedade, tornando as mobilizações mais sólidas.
Talvez essa causa seja a deposição do novíssimo regime. A cada dia fica mais evidente
que Michel Temer e sua trupe não tem condições – políticas, éticas e morais –
de remover o Brasil do atoleiro no qual a gestão Dilma Rousseff e o próprio
PMDB o meteram.
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