Quem
circula pela Feira de Santana vem notando: tem crescido o número de pedintes,
mendigos, moradores de rua e outros deserdados pelo centro da cidade. Também
vem se ampliando a quantidade de vendedores que circulam pelos ônibus, oferecem
seus produtos pelas praças e avenidas ou que tentam arranjar-se como camelôs,
confiscando espaços exíguos das vias públicas para exibir seus produtos. Tudo
isso se deve à feroz crise econômica que assola os brasileiros há dois anos.
Mulheres
maltrapilhas, com crianças de colo, voltaram a se tornar rotina nas portas dos
bancos, na frente dos supermercados, na estação rodoviária ou em qualquer
ambiente pelo qual circule gente com dinheiro. Sobretudo nesses dias que
antecedem o Natal, quando os brasileiros embolsam o aguardado décimo-terceiro
salário.
Nos
pontos de ônibus os passageiros recorrem a variados contorcionismos para se
desviar dos carrinhos-de-mão e dos vendedores que apregoam suas mercadorias aos
gritos. Muitos ambulantes embarcam nos ônibus, descrevendo, aos berros, os
produtos que oferecem. Nesses dias de calor insano, água e picolés figuram
entre os mais populares.
À
noite ou aos domingos é possível ver moradores de rua improvisando camas de
papelão ali pela avenida Getúlio Vargas, defronte de lojas fechadas pela crise.
Dormem sob marquises, catam papelão e lata, criam cães hostis e sorvem
generosas doses de aguardente. Alguns conversam enquanto o sono não chega nas inquietas
madrugadas feirenses.
Cortes
Nos
anos de bonança muitos mantinham empregos modestos ou dedicavam-se a ocupações
precárias que traziam alguma renda. Com a crise e o crescimento do contingente
de excluídos, inúmeros deles perderam seus recursos e, forçados pela situação,
foram viver na rua ou encorpar as fileiras dos autônomos e ambulantes. Tudo isso
com elevada precariedade, conforme uma rápida inspeção pode constatar.
Para
piorar, o novíssimo regime, instituído a partir da deposição do petismo,
orquestrou uma série de investidas conta a assistência social no País. Reduziu
o número de beneficiários do Bolsa Família, restringiu o seguro-desemprego e o
seguro pago a pescadores, além de desidratar iniciativas que favoreciam a
população carente, como o acesso a medicamentos mais baratos nas farmácias
populares.
Além
de afrontar os mais pobres, o governo demonstra incapacidade de resgatar o
Brasil do atoleiro da recessão. Estão aí inúmeros indicadores para atestar. E
estão aí as medidas anunciadas essa semana – cosméticas, em alguns casos, e insuficientes,
noutros tantos – que não despertaram o entusiasmo, sequer, dos governistas mais
exaltados.
Previsões otimistas
sinalizam para o fim da recessão somente na segunda metade de 2017. Tomara que
estejam corretos. E tomara que o governo atual – irremediavelmente alvejado no
quesito ético – não constitua um empecilho adicional. Mas, hoje, tudo indica
para o acirramento da crise política, com efeitos nefastos sobre a vida dos
brasileiros – e feirenses - mais pobres.
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