Pular para o conteúdo principal

Empregos na Construção Civil encolhem em Feira

                
               Os primeiros quatro meses do ano foram muito duros para o trabalhador brasileiro. Na Feira de Santana não foi diferente: depois de longos anos de relativa prosperidade, com a geração de postos de trabalho em franca ascensão, no primeiro quadrimestre de 2015 – período entre janeiro e abril – a situação foi bem diferente. Houve retração no número de empregos formais: o saldo entre admissões e demissões foi negativo em exatos 1.311 oportunidades. No intervalo, ocorreram 16.085 contratações e 17.396 trabalhadores foram dispensados.
                A retração atingiu em cheio a construção civil. Nos anos anteriores, o setor foi favorecido pelo vertiginoso boom imobiliário, com impulso particular do programa Minha Casa Minha Vida. Pois bem: com a desaceleração no setor, 624 serventes de obras – o popular ajudante de pedreiro – perderam os empregos nos primeiros quatro meses do ano. Os próprios pedreiros também foram afetados: perderam 471 postos. Esses dados são do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
                No último trimestre de 2014 – entre outubro e dezembro – os dados também foram bastante desfavoráveis: menos 1.391 postos de trabalho. Isso considerando todos os setores.  Somados, os últimos sete meses revelam um declínio preocupante na quantidade de empregos: 2.702 oportunidades a menos. Os dados referentes a maio, até há poucos dias, ainda não estavam disponíveis.
                Somente para comparar, entre janeiro e abril de 2014 ainda houve expansão na oferta de empregos: 1.119 oportunidades no período. No ano anterior também, embora o desempenho tenha sido mais modesto: 261 novas oportunidades. Esses números apenas reforçam a sensação que, desta vez, a crise atingiu em cheio justamente os trabalhadores.
                Desaceleração?
                A análise mês a mês dos números não permite, até aqui, sinalizar uma tendência, sobretudo porque o cenário político permanece enevoado no País. E também porque não há um comportamento uniforme: janeiro e fevereiro foram meses de desemprego intenso, com menos 673 e 539 postos de trabalho, respectivamente. Ou seja: em 60 dias, o saldo já era negativo em precisos 1.212 empregos.
                Surpreendentemente, março foi diferente: o saldo foi positivo e com relativo vigor: 354 novas oportunidades para os trabalhadores feirenses. No mês de abril sobreveio novo aperto: a soma de empregos declinou mais uma vez, com 453 postos de menos. No agregado, esfumaçaram-se mais de 1,3 mil empregos.
                Grande parte do enxugamento se deu na construção civil, alcançando pedreiros e serventes. É provável que, no circuito da economia informal, os reflexos também sejam sensíveis, já que a expansão na oferta de empregos na construção civil gera impactos bastante positivos sobre essas atividades. Esses efeitos, porém, são mais difíceis de dimensionar.
                Perspectivas
                O comércio também acabou afetado pela crise: 262 comerciários perderam o emprego entre janeiro e abril de 2015. Em parte, pode ser reflexo do enxugamento que sempre acontece depois do período natalino. Mas, certamente, esse número traz embutido algum efeito da crise reiteradamente descartada ao longo da campanha eleitoral pela presidente Dilma Rousseff. O grande drama se desenrola, todavia, é na construção civil.
                Afinal, as demissões afetaram, sobretudo, os trabalhadores desse segmento. Principalmente porque este já vinha em declínio no último trimestre de 2014: foram 557 vagas a menos para pedreiros e outras 546 subtraídas dos serventes de obras. Na soma, o saldo é trágico: 1.028 postos a menos para os pedreiros e 1.170 empregos dos serventes que viraram fumaça. Isso em sete meses.
                No curto prazo, o cenário é desanimador: o governo não tem mais recurso para impulsionar o Minha Casa Minha Vida para atender à demanda por habitações populares e o setor privado também patina na crise, com incontáveis imóveis encalhados. Esse é o cenário que afeta o País mas que também traduz a situação da Feira de Santana. Por enquanto, resta aguardar os desdobramentos da crise nos próximos meses...



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Parlamento não digere a democracia virtual

A tentativa do Congresso Nacional de cercear a liberdade de opinião através da Internet é ao mesmo tempo preocupante e alvissareira. Preocupante por motivos óbvios: trata-se de mais uma ingerência – ou tentativa – da classe política de cercear a liberdade de opinião que a Constituição de 1988 prevê e que, até recentemente, era exercida apenas pelos poucos “privilegiados” que tinham acesso aos meios de comunicação convencionais, como jornais impressos, emissoras de rádio e televisão. Por outro lado, é alvissareira por dois motivos: primeiro porque o acesso e o uso da Internet como meio de comunicação no Brasil vem se difundindo, alcançando dezenas de milhões de brasileiros que integram o universo de “incluídos digitais”. Segundo, porque a expansão já causa imensa preocupação na Câmara e no Senado, onde se tenta forjar amarras inúteis no longo prazo. Semana passada a ingerência e a incompreensão do que representa o fenômeno da Internet eram visíveis através das imagens da TV Senado:

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada feira-livre que mobilizava comerciantes e consumidores da região. Isso na época em que não existia a figura do chefe do Executivo, quando as questões administrativas eram resolvidas e encaminhadas pela Câmara Municipal.           

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da