Desde o
segundo semestre do ano passado diversas obras vem sendo anunciadas para a
Feira de Santana. Embora a rapidez do anúncio seja muito superior à velocidade
com que as obras são executadas, não deixam de trazer grande interesse para o
município. Obra em andamento, de fato, existe a avenida Nóide Cerqueira, que
vai interligar a avenida Getúlio Vargas à BR 324, contribuindo para desafogar o
trânsito da região, sobretudo em parte da avenida Contorno. Nessa avenida, a
propósito, finalmente avança a duplicação do seu trecho Sul.
Outra
intervenção essencial, mas cujo desenlace se arrasta, é no aeroporto. Quando
concluída, e após iniciadas as operações, a obra vai provocar um impulso
formidável na economia feirense, fortalecendo a vocação multimodal do
município. As obras, à exceção da duplicação do Contorno Sul, vem sendo
capitaneadas pelo Governo do Estado.
A vocação
multimodal da Feira de Santana só vai se confirmar, no entanto, quando o
município interligar-se às ferrovias. No noticiário político foi confirmada a
intenção – por enquanto somente intenção, mesmo que já exista um projeto pronto
– de construção de uma ferrovia, para operar trem de passageiros, entre Feira
de Santana e Salvador.
Em entrevista,
o próprio governador Jaques Wagner confirmou o projeto, anunciando que o
percurso poderá ser feito em apenas uma hora. Prazos para a conclusão não foram
apresentados. Sabe-se apenas que a iniciativa articula-se com a intenção do
Governo Federal de reativar as ferrovias brasileiras.
Revolução
Uma obra desse
porte poderá ter um efeito revolucionário para a Feira de Santana: muita gente
que trabalha ou estuda numa cidade e reside noutra poderá ter sua mobilidade
potencializada; os laços que unem a Feira de Santana à capital serão
fortalecidos, com maior integração econômica entre as duas cidades;
investimentos em comércio e serviços serão mais viáveis, dada a maior
facilidade de deslocamento entre as duas metrópoles.
A
iniciativa, porém, pode reconfigurar o transporte rodoviário na Bahia, tornando
a Feira de Santana ainda mais protagonista no setor. Basta que as estações
rodoviárias e ferroviárias sejam interligadas aqui e na capital, oferecendo a
quem viaja pelo estado a possibilidade de utilizar os dois modais.
Quem
vai de Salvador a Juazeiro, por exemplo, poderia fazer o percurso de trem até a
Feira de Santana e aqui embarcar num ônibus. No sentido contrário funcionaria
sistema similar, assegurando preciosa economia de tempo no trânsito tumultuado
das duas cidades e na BR 324 de tráfego intenso.
Outras Cidades
Dezenas –
talvez centenas – de cidades baianas poderiam ser beneficiadas com um sistema
de transportes que interligasse a Feira de Santana a Salvador por trens – ou
por Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), que é a versão mais moderna dos trens.
Para a capital, a vantagem imediata seria a redução dos seus engarrafamentos
insanos.
Obviamente,
intervenções radicais teriam que ser pensadas para a Feira de Santana. Nenhuma
delas poderia ser adotada sem a existência de um Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano (PDDU) elaborado por profissionais, com o rigor técnico
necessário exigido pelo Estatuto das Cidades.
Objetivamente,
hoje pouco se sabe que lógica guia a expansão urbana da Feira de Santana. Se é
que, realmente, existe uma lógica. Há pelo menos duas décadas o município se
expande orientado unicamente pelo tino dos investidores privados – sejam eles
grandes empresários, a classe média ou os despossuídos invasores das favelas da
cidade. A inserção estratégica do município como polo multimodal exige um nível
de planejamento que, hoje, infelizmente não existe.
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