No ar desde a terça-feira, o horário eleitoral nas emissoras de rádio e de televisão oferece ao eleitor a oportunidade de consolidar decisões já tomadas, esclarecer dúvidas e, para quem decide sem tanta pressa, escolher candidatos. Da presidência da República às assembleias legislativas, muita gente vai desfilar nas ondas do rádio ou nas imagens da tevê requisitando o apoio do eleitor na forma do voto. Com o pedido virão também incontáveis promessas e declarações de intenções.
O rádio e a tevê, no entanto, já não são tão decisivos como no passado, quando não havia Internet. Hoje os brasileiros interligados à rede podem reforçar as opções que aparecem na tevê com uma consulta ao site do candidato, a reportagens sobre sua trajetória política ou, até mesmo, saber se o cidadão tem pendências com a justiça. Tudo ao alcance de alguns cliques.
Caso seja mais meticuloso, o eleitor pode comparar propostas, tirar dúvidas sobre realizações dos governantes e refletir sobre o discurso de cada um deles. A Internet coloca-se, portanto, como uma ferramenta importante para o exercício da democracia e para a escolha mais responsável dos representantes políticos.
Sob a perspectiva de quem é candidato o futuro acena ser mais promissor para quem não dispõe da estrutura eleitoral dos nomes mais cotados. Afinal, a campanha digital é mais barata, mas só vai possuir grande eficácia quando a maioria dos brasileiros tiver acesso de forma similar à tevê e ao rádio.
Transparência
A Internet é, também, o instrumento da transparência por excelência. Desde o início da década que o universo digital, a transparência e o controle social caminham de forma convergente, ainda que o caminho seja longo e imponha inúmeros desafios. Nos sites governamentais – com variados graus de detalhamento – é possível acessar informações que, há poucos anos, nem mesmo deputado governista conhecia, como é o caso baiano nos estertores do coronelismo.
O maior acesso da população à informação, a percepção mais clara dos problemas que afligem a sociedade e a rotina democrática estabelecida no pós-1985 vem ajudando os brasileiros a fazerem escolhas mais sensatas na política, mesmo que ainda se esteja distante do nível desejável.
No entanto, há partidos e candidatos que, caducos, insistem em enxergar a realidade com a mesma visão de três ou quatro décadas atrás. Daí as bravatas, as promessas infundadas, o paternalismo, a condescendência com que tratam os eleitores, considerando-os como o gado que engorda nas fazendas que muitos adquiriram com o dinheiro público.
Diversão
A televisão, porém, segue como principal meio de informação dos eleitores. E também pode oferecer parâmetros interessantes de análise, para além do melhor jingle, do sorriso medido, da palavra estudada, da abordagem do tema que mais preocupa o eleitor no momento.
O fato é que o antigo “voto de cabresto” vai, finalmente, tornando-se lembrança de um tempo perdido que deveria ter expirado há muito, mesmo nos longínquos recantos do interior. A própria legislação eleitoral, com inúmeras restrições nos últimos anos para evitar o abuso do poder econômico, contribui com o processo.
Mais do que em 2006, as eleições de 2010 contarão com a influência decisiva da Internet. Os próximos pleitos deverão registrar novas transformações que vão se incorporar à democracia brasileira. E – talvez num futuro não tão distante – coroneis e filhos de coroneis se tornem apenas objeto de pitoresca curiosidade sociológica.
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