Muito
se tem falado sobre a desaceleração da economia brasileira nos últimos meses.
As abordagens variam: de um lado, a versão oficial pinça um cenário róseo, com
amplas oportunidades e perspectivas promissoras para o futuro. Nas fileiras da
oposição – que a chamada grande imprensa vocaliza com voracidade – a realidade
é funesta: desaceleração da atividade econômica, queda na produtividade e a ameaça
onipresente da inflação. Essas posições muito delimitadas retratam mais a
batalha eleitoral que se desenha no horizonte que, propriamente, um panorama
confiável da economia brasileira.
No
leque amplo de indicadores figura um que oferece pistas interessantes sobre o
humor do eleitorado: o volume de postos de trabalho. É ele que orienta muitas
decisões: quem está empregado costuma assumir posições conservadoras e é avesso
a mudanças políticas. Isso é aplicável sobretudo às parcelas do eleitorado que
padeceram sob o desemprego, principalmente nas décadas de 1980/1990.
O
fato é que, apesar de tudo, o Brasil segue gerando postos formais de trabalho.
Foram 703,6 mil em 2013 e mais 303,5 mil no primeiro trimestre de 2014. Os
dados são do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A Bahia acompanha a mesma
tendência: mais 23,6 mil empregos ano passado e outros 12 mil em 2014.
Essa
boa notícia chega à Feira de Santana: por aqui, em 2013, o mercado gerou exatos
3.069 empregos. Nos três primeiros meses de 2014, a expansão segue em ritmo
semelhante: o saldo foi positivo em 1.062 ocupações. Alguns setores permanecem
se sobressaindo em relação à geração de novas oportunidades.
Construção Civil
Nos
três primeiros meses de 2014, a construção civil seguiu demonstrando dinamismo
na Feira de Santana. É que, no período, foram admitidos 1,8 mil serventes de
obra e 803 pedreiros, constituindo duas das ocupações que mais geraram empregos
nesse intervalo. Os vendedores de comércio varejista – os comerciários – também
contaram com uma soma razoável de oportunidades: foram oferecidos 1.063
empregos.
Os
salários nessas ocupações, no entanto, não figuram entre os mais atrativos:
servente de obra só embolsa R$ 742 e o comerciário apenas R$ 798. Quem
vislumbra remuneração melhor é o pedreiro: R$ 1.177. Esses valores, porém, não
estão muito distantes da média do mercado de trabalho na Feira de Santana, mas
as admissões sinalizam, no momento, para os setores mais dinâmicos.
Empregos
bem remunerados são raros. Apenas um emprego foi oferecido no primeiro
trimestre do ano com salário polpudo: R$ 14 mil. As demais funções representam
ganhos que não ultrapassam os dois ou três salários-mínimos. Nesses primeiros
três meses, destaque para os administradores: foram ofertadas 14 vagas, com
salário médio de R$ 2,4 mil.
Desaceleração?
É
inegável que, embora o saldo de postos de trabalho siga sendo positivo, há
nuvens no horizonte: as 3.069 vagas criadas em 2013 só são superiores aos 2.148
empregos criados em 2011. Na série histórica desde 2007, esses foram os piores
anos. O teto ocorreu em 2010: exatos 8.022 novos postos de trabalho. Naquele
ano, o PIB brasileiro cresceu 7,5%, feito que não ocorria desde a década de
1970.
Curiosamente,
os anos mais severos da recente crise econômica não afetaram a Feira de Santana
tão dramaticamente: em 2008 e 2009 foram gerados, respectivamente, 4 mil e 6,9
mil empregos, coroados na sequência com o recorde de 2010. Desde então, o ritmo
sem dúvida caiu, conforme atestam os números, à exceção de 2012: naquele ano,
foram mais 6,8 mil empregos.
Note-se,
no entanto, que os números apresentados refletem o cenário mais “idílico” do
mercado de trabalho. Nessa contabilidade não entram os trabalhadores informais,
que embolsam remuneração inferior e que nem sempre contam com direitos
assegurados aos empregados, como a previdência social.
A
discussão sobre a situação deles, porém, exige um artigo específico...
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