Quando
o Bahia de Feira entrou no gramado do Barradão, numa chuvosa tarde de domingo em
maio de 2011, poucos imaginavam que a equipe feirense conseguiria contrariar
todas as expectativas e vencer o Vitória, por 2x1. O placar deu o título baiano
da temporada ao time feirense e reacendeu as esperanças do futebol do interior,
particularmente da Feira de Santana. Naquela ocasião, parecia que o então “Tremendão”
começava a se credenciar como a terceira força do futebol baiano. Quebrava-se,
também, o longo jejum de títulos baianos da “Princesa do Sertão”, que no
distante 1969 fora campeã com o Fluminense.
O
título surpreendente, conquistado pelo Bahia de Feira, confirmava a boa fase do
futebol local. Afinal, naquela oportunidade, três equipes representavam a
“Princesa do Sertão” na divisão principal do futebol baiano – o próprio Bahia
de Feira, além do Fluminense e do Feirense –com campanhas sempre razoáveis.
Mesmo Bahia ou Vitória, aqui ou ali, acabavam derrotados pelos times locais.
Bastaram três
anos para o futebol feirense decair novamente – e de maneira vertiginosa. Nos
campeonatos seguintes as boas campanhas não se repetiram. O Fluminense andou
cortejando a segunda divisão até que, em 2013, mergulhou sem grande resistência
no inferno do rebaixamento. Em março, começa a angustiante jornada para tentar
retornar à elite do futebol baiano.
Em 2014 foi a
vez do surpreendente Feirense. Com estrutura modesta e escassos torcedores no
estádio, chegou às semifinais do “Baianão” há alguns anos, contrariando todos
os prognósticos . Neste 2014, perdeu as cinco primeiras partidas e quase
retornou à estrutura amadora da Segunda Divisão no próximo ano. Honrosamente,
desde 2008 estava na chamada elite do futebol baiano, o que não deixa de ser um
feito admirável.
A partir de
2012 o Bahia de Feira perdeu o rumo do sucesso. Ano a ano o futebol decai e, em
2014, a grande surpresa foi uma inusitada troca de nome, passando a se chamar
Feira de Santana. Adotou as cores rubro-negras do parceiro – o Vitória – e, em
campo, resvalou para a vala comum do futebol de baixa qualidade e escassos
atrativos.
Sem perspectiva
A derrocada do
futebol feirense acompanha a decadência geral do Campeonato Baiano. Estádios
precários, com arquibancadas vazias, pouco talento em campo e escassez de
recursos marcam a fase atual do futebol da Bahia que, ironicamente, exibe suas
fragilidades em transmissões ao vivo pela tevê.
Espremido
entre competições mais lucrativas para a excludente indústria da bola, o
Campeonato Baiano caminha para a sua extinção. Bahia e Vitória sequer
participam de todas as suas fases. A competição que durava quase seis meses e
que mobilizava as torcidas do estado existe apenas na memória dos que
acompanhavam o futebol baiano nos anos 1970 e 1980.
Hoje, é o
lucro das competições nacionais que estrutura o esporte e, nessa nova
realidade, não existe espaço para centenas de clubes de futebol que tentam
manter acesa a paixão pelo futebol em pequenos municípios do interior.
Mesmo com
essas perspectivas pouco promissoras, a Feira de Santana deveria estar melhor
representada no futebol baiano e,
também, brasileiro. Com cerca de 600 mil habitantes e população apaixonada pelo
esporte, é inexplicável essa penúria esportiva. O município sequer conta com
uma equipe que, pelo menos, figure numa das quatro divisões do Campeonato
Brasileiro. Espera-se que a atual maré baixa não seja definitiva...
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