O resultado
das eleições em Feira de Santana, decididas no primeiro turno domingo passado,
trouxe pelo menos um fato curioso: a pulverização da composição da Câmara
Municipal numa impressionante mistureba de partidos. Foram eleitos 21
parlamentares, representando nada menos que 15 legendas diferentes. O próprio
partido do prefeito eleito não fez mais que dois parlamentares, o que
representa somente cerca de 10% do Legislativo.
Com
base nos resultados, dois partidos saíram mais fortalecidos: o PT e o até outro
dia nanico PTN, com três vereadores cada; o DEM e o PSC vem na seqüência, com
dois parlamentares eleitos; e o restante das onze vagas se distribui num emaranhado
de siglas detentoras de um único assento na Câmara Municipal.
Embora
o candidato petista Zé Neto não tenha conseguido forçar o segundo turno, o PT
numericamente sai maior dessas eleições, com três vereadores eleitos. É o
melhor desempenho do partido nas disputas legislativo feirense, cuja história
foi iniciada pelo próprio Zé Neto, no já distante ano 2000.
A
própria oposição, aparentemente, sai mais robusta, já que sete vereadores – ou
um terço da Câmara – não foram eleitos com o apoio do futuro prefeito José
Ronaldo de Carvalho. Se todos permanecerão na oposição, ou não, é outra
história. Mas a existência da oposição é sempre salutar e muito bem-vinda.
Surpresas
Numa
eleição decidida no primeiro turno por um candidato que permaneceu na liderança
desde os primeiros momentos, aparentemente não haveria nada de significativo no
cenário eleitoral. Mas houve, não só em Feira de Santana, como no Brasil: o
crescimento do PSOL, fundado por dissidentes petistas há uns sete anos.
Na
Feira de Santana, a legenda apresentou um candidato a prefeito com um discurso
articulado, didático, sóbrio e que abordou questões cruciais relacionadas à
vida da cidade. Sempre demarcando uma posição mais à esquerda, Jhonatas
Monteiro e o PSOL conseguiram pelo menos duas proezas.
A
primeira delas foi conseguir 27 mil votos numa campanha feita com poucos
recursos, basicamente obtidos com doações de pessoas físicas, principalmente
militantes da legenda e simpatizantes. A segunda foi superar, com vantagem não
negligenciável, o atual prefeito Tarcízio Pimenta, que tentava a reeleição.
Resultados
As eleições 2012
em Feira de Santana produziram um nível de tensão que não se verificava desde
1996, quando José Falcão da Silva surpreendeu vencendo o então candidato
pefelista Josué Mello num segundo turno disputadíssimo. Apesar dessas tensões,
houve um debate interessante sobre a cidade em 2012.
A
reativação do aeroporto, a construção da Perimetral Norte, a avenida Nóide
Cerqueira e a revitalização da Lagoa Grande são iniciativas que, caso
concretizadas, vão permitir uma grande dinamização da economia feirense e
elevar a qualidade de vida da população.
Não
deixa de ser um alento para o feirense que, há décadas, padece numa cidade que
cresce sem nenhum planejamento urbano, orientado apenas pela lógica dos
empreendimentos privados. Ainda assim, a necessidade de se pensar a cidade sob
uma perspectiva moderna permanece posta. E o desafio inicial é a elaboração,
aprovação e implementação de um Plano Diretor, o que já deveria ter sido feito
desde, pelo menos, o também distante ano de 2001...
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