Uma das
grandes questões em debate nas eleições 2012 em Feira de Santana foi o sistema
de transporte coletivo. Não é para menos: há muito tempo o feirense sofre
sacolejando em veículos velhos e mal-conservados, muitas vezes mofando nos
pontos em função de um sistema integrado muito mal-planejado, exposto ao sol e
à chuva, já que os abrigos são raros. Isso para falar no valor da tarifa, que é
dos mais elevados entre as cidades nordestinas, só perdendo para Salvador.
O
atual prefeito, Tarcízio Pimenta e o deputado estadual, Zé Neto foram os
candidatos que trouxeram as novidades mais significativas em relação ao
transporte público propondo, respectivamente, a adoção do BRT e o Tri-Via.
Essas propostas, a propósito, trouxeram grande dose de audácia.
É
desejável, realmente, alguma mudança drástica no transporte coletivo local.
Caduco, o sistema envolve preços absurdamente elevados, nenhum conforto para o
usuário e um infindável acúmulo de transtornos. Não é à toa que o tema foi tão
explorado na campanha eleitoral, sendo discutido com muita freqüência na
televisão e também pelas ruas.
O
prefeito eleito, José Ronaldo de Carvalho, se limitou a propor a redução da
tarifa nos domingos e feriados, alguns ônibus circulando com ar-condicionado e
a renovação da frota. Essa última medida, a propósito, é indispensável: apesar
de toda propaganda oficial, os veículos que circulam pela cidade são
velhíssimos e muito sujos.
Essas medidas, no entanto,
representam muito pouco. Principalmente porque a cidade, pelo menos no papel, tornou-se
a principal integrante de uma Região Metropolitana cujo sistema de transporte
deve, em tese, se articular, viabilizando a locomoção de uma rede mais ampla de
passageiros, incluindo pessoas que residem nos demais municípios da região.
Transporte arcaico
O
fato é que a Feira de Santana avança pela segunda década do século XXI com uma
estrutura de transportes arcaica, mais afeita às cidades que alcançaram a
primeira centena de milhares de habitantes. Sendo generoso, nota-se que o
sistema seria válido há três décadas, mas não mais nos dias atuais.
O
desenvolvimento da cidade nos próximos anos vai se tornar cada vez mais
dependente das intervenções em mobilidade urbana – particularmente no centro da
cidade – dada a ausência de intervenções viárias nos últimos anos. Essas
intervenções envolvem não apenas medidas mais robustas, como obras, mas também
a própria gestão do trânsito.
O
debate travado no período eleitoral sinaliza que o problema começa a integrar a
agenda da população. Essa preocupação é perfeitamente compreensível, já que as
distâncias começam a exigir mais tempo para serem percorridas, em função do
fluxo crescente de veículos, da desorganização do trânsito e da precariedade do
transporte coletivo.
Se os
problemas de mobilidade não forem atacados nos próximos anos, Feira de Santana
pode começar a perder receita com a evasão de consumidores que optarão por
centros comerciais menores e menos caóticos. O final do ano, quando aquecem as
vendas no comércio, é um termômetro da situação.
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