Durante muito tempo se falou que, em pouco tempo, a Feira de Santana alcançaria o seu milhão de habitantes, tornando-se uma metrópole. Matéria publicada nesta Tribuna Feirense semana passada sinaliza que, em 2010, o número de habitantes será de aproximadamente 550 mil pessoas, contrariando a estimativa populacional do próprio IBGE, que colocava o município muito próximo da marca dos 600 mil habitantes. Um conjunto de transformações ocorridas na sociedade brasileira ao longo da última década explica a expansão menor.
A mais evidente mudança é a redução paulatina da taxa de fecundidade. Na média, atualmente as mulheres têm pouco mais de dois filhos, o suficiente apenas para repor a população. Quanto mais escolarizadas, menor o número de filhos. É evidente que essa tendência se verifica também na Feira de Santana.
Para um município se manter crescendo significativamente seria necessário, então, um contínuo fluxo de migrantes. O que ocorre, todavia, é que o êxodo rural – principal fonte de expansão populacional das grandes cidades – também vem caindo e a própria melhoria das condições de sobrevivência no campo e em cidades menores reduz o incentivo à migração.
Assim, é possível especular que talvez a Feira de Santana nunca alcance a marca dos 700 mil habitantes ou se estabilize em torno desse número. Afinal, estimativas indicam que, em 2030, o Brasil alcançará 206 milhões de habitantes e, a partir de então, a população total começará a declinar, assim como ocorre em muitos países desenvolvidos. Em 2040, por exemplo, estima-se que serão 204 milhões de brasileiros.
Vantagens
Com uma expansão urbana em patamares civilizados a Feira de Santana tem tudo para se tornar uma cidade com maior qualidade de vida. Por um lado não viverá as neuroses das grandes metrópoles brasileiras, como o trânsito caótico, a poluição e os graves problemas de infraestrutura urbana. Por outro lado, oferecerá produtos e serviços não disponíveis nas pequenas cidades e a possibilidade de uma vida mais dinâmica que nos longínquos recantos do interior.
A expansão controlada também apresenta outras virtudes: ausência da selvagem especulação imobiliária das grandes cidades, distâncias menores e possibilidades de se promover o planejamento urbano com qualidade, corrigindo problemas crônicos atualmente, como as habitações precárias e a ausência de saneamento.
Fala-se que população menor implica em menor repasse de recursos federais e estaduais. Esse raciocínio, no entanto, é contraditório: afinal, população maior significa mais pobreza, mais problemas de infraestrutura e – ao final das contas – mais dificuldades que aumentos de repasses não necessariamente resolvem.
Realidade
O fato é que o Censo 2010 oferece informações valiosas que podem servir de insumo para se promover a requalificação do planejamento do município. A população está se tornando mais idosa, haverá menor demanda pelo ensino fundamental e a redução no ritmo da expansão urbana permitirá atacar alguns problemas em espaços já consolidados.
Infelizmente a concepção de políticas públicas ainda não costuma levar em conta informações relevantes coletadas por instituições de pesquisa como o IBGE. A velocidade com que se processam certas transformações, no entanto, leva a deduzir que mudanças são necessárias nas agendas dos governos, principalmente no que se refere às questões demográficas.
Ao que parece o Censo 2010 vem confirmar tendências que se desenhavam em levantamentos anteriores, mas a uma velocidade maior. Cai por terra o mito do milhão de habitantes na Feira de Santana, mas fica a expectativa de uma cidade melhor planejada, com menos problemas e mais qualidade de vida para a população.
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