Depois de muito tempo funcionando no improviso, estão em construção no Centro de Abastecimento (CAF) boxes para abrigar o comércio de cereais onde funcionavam barracas improvisadas, na esquina entre as ruas Manoel Matias e Juvêncio Erudilho. Há muitos anos havia ali uma área ociosa, que frequentemente se tornava um vistoso matagal. Com o crescimento natural do comércio naquele entreposto, os espaços foram sendo ocupados para a comercialização.
É evidente que a infraestrutura do Centro de Abastecimento, sempre muito precária, necessita de melhorias para comerciantes e clientes. O problema começa quando as intervenções se tornam pontuais, sem vinculação com o todo que funciona no entorno. Assim surgem os famosos “puxadinhos”, como o que está sendo construído.
Para piorar, descendo a ladeira alguns metros, depara-se com o Restaurante Popular que, inexplicavelmente, segue fechado. Abandonado, o equipamento já teve uma das paredes danificadas – o que já exige reparos – e a tela de uma das cercas foi parcialmente arrancada. Já nas imediações da Avenida do Canal não há novidades: o galpão onde vendem hortigranjeiros segue muito sujo e muito precário, assemelhando-se a uma imensa favela.
Tudo isso pode ser constatado com um rápido olhar. Desde a inauguração do Centro de Abastecimento há quase 33 anos, poucos prefeitos tiveram sensibilidade para realizar obras de conservação. Valorizar e qualificar culturamente, se faz menos ainda.
Intervenções
Provavelmente não existem dados disponíveis, mas com certeza milhares de pessoas tiram seu sustento do comércio e da prestação de serviços diversos no CAF. Desde o carregador com seu carrinho-de-mão até o grande atacadista que fornece produtos para dezenas de municípios da região.
Essa atividade comercial intensa se traduz em arrecadação para os cofres públicos. Com essa arrecadação, a prefeitura tem a obrigação de pelo menos manter o Centro de Abastecimento limpo e bem conservado. Não é o que se verifica com um simples passeio pelos corredores do entreposto.
O cuidado deveria ser ainda maior nas intervenções que alteram a estrutura e geram efeitos tanto no aspecto físico como também nas atividades dos diversos comerciantes. Recorrer a “puxadinhos” que no futuro terão que ser demolidos, construir restaurantes que jamais são inaugurados, permitir que o galpão de hortifrutigranjeiros se deteriore é jogar o dinheiro do contribuinte pelo ralo.
Ampliação
A vocação comercial e a força da agropecuária são irreversíveis para a Feira de Santana. Nada mais óbvio, portanto, que pensar em ampliação ou reestruturação do Centro de Abastecimento nos próximos anos. Afinal, crescimento econômico implica em mais dinheiro circulando e, obviamente, em mais comércio.
Mais comércio exige mais estrutura e essa estrutura maior tem que ser construída com planejamento. Talvez seja o momento, portanto, de começar a pensar a ampliação do CAF, tornando-o mais cômodo para comerciantes e frequentadores. Mais cômodo, porém, mas com a devida elaboração de um projeto.
Logo quando foi inaugurado, o Centro de Abastecimento sem dúvida atendia às dimensões da feira-livre que acontecia no centro da cidade. Hoje a realidade é bem diferente: crescem as feiras de bairro, o comércio de frutas e verduras extravasou para as ruas do centro comercial e o entreposto é estruturado de forma muito precária, com vazios convivendo com aglomerações de comerciantes. Todos esses fatores devem ser considerados no momento em que se pensar numa reforma do CAF. Sem “puxadinhos”, sem restaurantes que nunca se inauguram e sem as favelas que se formam porque a prefeitura peca na higiene e na conservação do local.
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