Notícias indicam que, no momento, 33,1 milhões de brasileiros estão passando fome. O levantamento é do Instituto Vox Populi. O número corresponde a 15,5% da população brasileira. Não é pouca coisa: a imprensa informa que a situação é a pior desde 2004, quando o levantamento começou a ser efetuado com a mesma metodologia. Naquela época, as políticas de transferência de renda apenas engatinhavam no País. No Nordeste, o cenário é mais dramático: 12,12 milhões de pessoas enfrentam a fome em sua rotina.
Aqui na Feira de Santana quantas famílias convivem com a tragédia da falta de alimentos? Não há dados oficiais recentes. Em dezembro de 2019 – antes da eclosão da pandemia da Covid-19 e das agruras econômicas dela resultantes – o cadastro do Ministério da Cidadania indicava que havia 71,6 mil famílias com perfil para o então Programa Bolsa Família (PBF). A quantidade de famílias atendidas, naquele momento, correspondia a apenas 31 mil.
Imagino que a pandemia tornou tudo muito pior. Afinal, as famílias pobres foram as mais afetadas pelo vagalhão recessivo decorrente da Covid-19. Tudo indica que a pobreza aumentou – e muito – desde então. Para perceber, basta circular pelas ruas feirenses, povoadas por pedintes e mendigos.
Vasculhando o site do Ministério da Cidadania, consegui acessar um painel com informações do badalado Auxílio Brasil, sucedâneo do PBF: segundo o site, 60,7 mil famílias foram beneficiadas em maio no município, com o repasse total de R$ 24,4 milhões. O benefício médio alcança R$ 401. No mesmo painel, fazem uma comparação marota com o total de beneficiários de maio de 2018: 30,6 mil famílias atendidas, R$ 110 de benefício médio e R$ 3,4 milhões repassados.
A comparação é marota porque recorrem à época em que Michel Temer (MDB-SP), o mandatário de Tietê, era presidente da República e lipoaspirou o Bolsa Família. Aliás, é bom lembrar que o “mito”, manteve o programa desidratado até recentemente. Podiam comparar com abril de 2012, por exemplo, quando 51,5 mil famílias eram beneficiárias do PBF. Isso num momento em que o Brasil vivia uma situação econômica favorável e a pobreza declinara de maneira acentuada.
O fato é que o número de famílias expostas à pobreza e à fome seguramente cresceu em função da pandemia. As festejadas 60,7 mil famílias beneficiárias, portanto, não representam o conjunto de todos os necessitados.
Volta-se, então, à questão inicial: quantas famílias – na verdade, quantas pessoas – passam fome, atualmente, na Feira de Santana? O drama é monumental e ajuda a explicar a elevada rejeição ao “mito” no Nordeste.
Por fim, é bom lembrar que a tragédia não se deve só à pandemia ou à guerra na Ucrânia. A causa maior é o criminoso desmonte de uma série de políticas públicas de viés social, promovido pelo desgoverno que está aí se assanhando para um golpe que lhe permita se perpetuar no poder...
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