Os números ainda não são definitivos porque os dados
referentes ao mês de dezembro ainda não foram divulgados. Mas, mesmo assim, as
informações disponíveis são contundentes em relação à extensão da tragédia do
desemprego na Feira de Santana. Entre janeiro e novembro de 2015, exatos 4.971
postos de trabalho formais deixaram de existir no município, segundo dados do
Ministério do Trabalho e Emprego, o MTE. Esse número representa o saldo entre
contratações e demissões.
O preocupante é que, a partir de junho, o desemprego se acelerou:
2.838 postos deixaram de existir entre esse mês e novembro. Nos cinco primeiros
meses do ano o ritmo foi menos intenso: desapareceram, no saldo, 2.133 empregos
formais. Isso sinaliza que, apesar dos discursos otimistas, a crise voraz segue
fazendo imensos estragos.
É necessário ressaltar que, em 2015, o enxugamento no mercado
de trabalho feirense foi maior: nos 12 meses do ano, o saldo foi negativo em
6.595 postos. Só que no ano anterior também houve retração, embora menos
expressiva: -914 empregos em 12 meses. Esses números indicam que, em pouco mais
de dois anos, perderam-se 12.480 postos. Um desastre de proporções
consideráveis.
O desemprego tem requintes de perversidade. Os números acima
não refletem, por exemplo, o impacto observado no mercado informal de trabalho.
A crise também vem reduzindo as oportunidades dos que estão à margem do sistema
formal, seja comprimindo a renda dos pequenos e micro empreendedores, seja
extinguindo postos. Somando as realidades do mercado de trabalho, é possível
intuir a dimensão da tragédia.
Futuro?
O pior é que os analistas preveem que a situação tende a
seguir se deteriorando no mercado de trabalho em 2017, pelo menos nesse
primeiro semestre. Noutras palavras, o desemprego vai seguir avançando pelo
País e, muito provavelmente, também na Feira de Santana. E, dada a extensão da
crise política, é até temerário apostar que reflua a partir de junho.
Há setores nos quais a retomada deve demorar. É o caso do
mercado imobiliário, por exemplo, cujo boom
findou. Com ele, milhares de trabalhadores asseguraram renda ao longo de
vários anos. Agora, as demissões somam-se aos milhares na Feira de Santana,
repercutindo negativamente sobre o comércio e os serviços, numa perversa irradiação
recessiva.
No curto prazo as esperanças são tênues. Apostava-se que, com
a deposição do petismo, a retomada seria quase automática: bastaria enfiar no
Ministério da Fazenda alguém afinado com a retórica e os interesses do mercado.
Não foi o que aconteceu. Estão aí os indicadores econômicos recentes para
atestar o equívoco da crença, aumentando o desalento.
Em dezembro foi anunciada com pompa uma pretensa
reforma trabalhista. Basicamente, o objetivo é revogar alguns direitos
elementares dos trabalhadores, ampliando a precariedade, sob a louvável justificativa
da geração de empregos. Caso prospere, vai representar um monumental retrocesso
em relação a direitos consagrados e, quiçá, elevar a insatisfação com o atual
regime.
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