Pular para o conteúdo principal

Frota feirense quase triplicou em oito anos



              
 Dados do Departamento Nacional de Trânsito – o Denatran – disponíveis no site do IBGE indicam que, em 2013, Feira de Santana tinha uma frota de exatos 213.947 veículos. Esse número incluía tudo: automóveis, motocicletas e motonetas, micro-ônibus, ônibus, tratores e demais veículos motorizados. Quando se considera que, à época, a população total bordejava os 600 mil habitantes, pode-se inferir que, em média, havia um veículo nas ruas para cada três feirenses. Mesmo com a recessão que se anunciou no segundo semestre de 2014, esse total, seguramente, já ultrapassou os 220 mil veículos.
                Motocicletas e motonetas impulsionam a corrida pela ampliação da frota feirense, embora a liderança pertença aos automóveis. Em 2013, eram 95,6 mil automóveis. As motos representavam 62,9 mil unidades e as motonetas, 15 mil. Somados, esses traiçoeiros veículos sobre duas rodas totalizam 78 mil unidades e, aos poucos, caminham para arrebatar a hegemonia dos automóveis.
                Esses números, em si, são impressionantes. Mas causam impressão ainda maior quando se comparam com a frota disponível há dez anos, em 2005. Naquele ano, o total de veículos em circulação pelas ruas totalizava 81,1 mil. Os automóveis eram hegemônicos: havia 47,3 mil deles. As motos mal ultrapassavam as 17,5 mil unidades e as populares “cinquentinhas” – o apelido das motonetas – não passavam de 4,2 mil. Representavam, somadas, menos da metade do total de automóveis.
                Caso a tendência atual se confirme, em poucos anos as motonetas e motos ultrapassarão o total de automóveis. Opções do gênero fazem a alegria da indústria automobilística que, graças aos incentivos governamentais, passou ao largo da crise financeira de 2008, embora ultimamente venha sofrendo com a recessão que se aprofunda. Novas unidades, no entanto, seguem sendo vendidas, provocando um conjunto de efeitos sobre a sociedade.
                
                 Trânsito
                
               Em oito anos, o número de veículos em circulação na Feira de Santana quase triplicou, passando de 81,1 mil para 213 mil, conforme os números apresentados acima. Quando se consideram as escassas intervenções viárias realizadas no município, deduz-se o que todos enxergam cotidianamente: engarrafamentos significativos, não apenas nas principais ruas e avenidas, mas em praticamente todas as ruas centrais da cidade.
                O sonho realizado do veículo próprio, no entanto, não acarreta transtornos apenas no centro da cidade. As principais vias de bairros populosos também vão, aos poucos, se tornando intransitáveis com o excesso de automóveis. O desconforto é potencializado com a precária manutenção das vias, sobretudo nos meses chuvosos, quando os buracos se multiplicam.
                O excesso de veículos soma-se ao arraigado desrespeito às regras de trânsito, sobretudo por parte dos motociclistas. Em qualquer semáforo é possível ver motos avançando o sinal, estacionando sobre a faixa de pedestre, transitando na contramão, ziguezagueando entre automóveis, até circulando pelas calçadas. Não é à toa que os registros de acidentes assemelham-se aos números de uma guerra.
                
                      Alternativas
                
                É clichê que a solução dos problemas de trânsito passa, necessariamente, por melhorias no sistema público de transporte. Todos sabem que, com transporte coletivo de qualidade, as pessoas tendem a deixar seus veículos em casa, recorrendo ao sistema público. Esse cenário ideal depende da movimentação dos governos em dois sentidos.
                Um deles é assegurar transporte com qualidade e tarifas adequadas à realidade financeira dos usuários. No Brasil, em geral, alega-se que é uma solução difícil. Na Feira de Santana – dada a caótica situação atual – soa até como utopia. Hoje, no município, sequer pode-se alegar que o serviço seja oferecido com um mínimo de dignidade. Imagine-se com qualidade que atraia quem possui veículo próprio.
                O outro movimento envolve desestimular o uso do veículo particular. Uma medida, por exemplo, é o rodízio, como existe em São Paulo. Ou a redução dos espaços destinados para estacionamento em ruas e avenidas. Como, normalmente, a lógica eleitoral se sobrepõe às questões gerenciais, não costuma ser adotada. Os engarrafamentos, no entanto, são um problema já colocado e que exige soluções urgentes.
               

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Parlamento não digere a democracia virtual

A tentativa do Congresso Nacional de cercear a liberdade de opinião através da Internet é ao mesmo tempo preocupante e alvissareira. Preocupante por motivos óbvios: trata-se de mais uma ingerência – ou tentativa – da classe política de cercear a liberdade de opinião que a Constituição de 1988 prevê e que, até recentemente, era exercida apenas pelos poucos “privilegiados” que tinham acesso aos meios de comunicação convencionais, como jornais impressos, emissoras de rádio e televisão. Por outro lado, é alvissareira por dois motivos: primeiro porque o acesso e o uso da Internet como meio de comunicação no Brasil vem se difundindo, alcançando dezenas de milhões de brasileiros que integram o universo de “incluídos digitais”. Segundo, porque a expansão já causa imensa preocupação na Câmara e no Senado, onde se tenta forjar amarras inúteis no longo prazo. Semana passada a ingerência e a incompreensão do que representa o fenômeno da Internet eram visíveis através das imagens da TV Senado:

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada feira-livre que mobilizava comerciantes e consumidores da região. Isso na época em que não existia a figura do chefe do Executivo, quando as questões administrativas eram resolvidas e encaminhadas pela Câmara Municipal.           

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da