Afirma o senso comum que o povo brasileiro não tem memória. No que se refere à conservação de informações estatísticas importantes sobre a História Brasileira, este raciocínio se confirma, principalmente em relação às cidades. Feira de Santana, infelizmente, não foge a esta regra e as referências às décadas passadas, quase sempre, são relegadas à memória dos que as viveram. A década de 1930 (particularmente o intervalo entre 1931 e 1937) em parte constitui uma louvável exceção. Nela começou a se construir uma estatística com informações econômicas e sociais sobre a Bahia e seus municípios.
Estes dados constam no Anuário Estatístico da Bahia publicado então. Através da leitura e da comparação, o leitor poderá acompanhar como evoluiu a Feira de Santana, que em contínua transformação, embora lenta, começava a ganhar as feições sob as quais a conhecemos hoje.
A Feira de Santana em 1935
O visitante que passasse pela Feira de Santana no longínquo ano de 1935 certamente ficaria preocupado com a situação da saúde pública no município. Único hospital existente na cidade e região, o Dom Pedro de Alcântara, mantido pela Santa Casa de Misericórdia, dispunha de somente 38 leitos, para uma população estimada em 109.620 habitantes. Para tornar o problema mais dramático, não havia saneamento básico ou água encanada, o que agravava a incidência de doenças.
Sem dúvida, a cidade apresentava carências. Existiam três modestas bibliotecas, com apenas 3.800 volumes disponíveis ao público. E as matrículas escolares não chegavam aos 2% da população: 2.002 naquele ano, sendo que quase todas (1.872) estavam no ensino fundamental. Na Escola Normal matricularam-se 109 estudantes que cursavam o equivalente ao ensino médio à época. Cinco professores e 50 professoras educavam este contingente estudantil.
Os 5.120 imóveis rurais catalogados valiam 16.632:865$000 e estavam sujeitos ao pagamento do Imposto Territorial. Já os 517 comerciantes detinham 5.596:500$000. Houve queda no valor médio do quilo da carne dos animais abatidos, estimado em 1$100 (os bois), 1$100 (ovinos) e $900 (caprinos), mantendo-se elevado apenas o preço da carne suína (1$400).
FROTA
Os carros de praça para transporte de passageiros eram apenas seis. Em compensação, havia 29 “carros ou carretas” movidos por duas rodas e 30 carros de boi. A frota de veículos da cidade registrava também a existência de 12 caminhões e quatro ônibus para o transporte de cargas e passageiros.
Estabelecer contato com o mundo não era tarefa das mais fáceis. Telégrafo, por exemplo, só estava disponível em três localidades do município: na própria sede, em Bomfim (Bonfim de Feira, atualmente) e em Tanquinho (nos dois primeiros o serviço era prestado pelo Telegrapho Nacional e a última pela Estrada de Ferro Central da Bahia). Agências postais eram mais comuns: havia em Feira de Santana, Almas (atual Angüera), Bonfim de Feira, Santa Bárbara, Tanquinho e em São Vicente.
1935 marcou também o início da gestão de Heráclito Dias de Carvalho, que substituiu Elpídio Nova no mês de março. Como boa notícia, o equilíbrio nas finanças públicas: a receita orçada foi de 308:841$000, o montante arrecadado chegou a 499:158$456 e a despesa ficou em 444: 036$426. Apurou-se, portanto, um superávit (não se usava esta expressão naqueles dias) de 55:122$024. Como novidade, divulgou-se pela primeira vez a “arrecadação das mesas de Renda e Collectorias Federaes”, que alcançou 174.828$500...
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