Pular para o conteúdo principal

“Feriadão” tenta conter expansão do novo coronavírus

 Publicado originalmente em Maio/2020

Semana que vem será de feriados antecipados aqui na Feira de Santana. É para manter a população em casa, tentando frear a expansão do Covid-19 no município. A medida foi anunciada pelo governador Rui Costa (PT), à tarde. Só serão autorizadas atividades essenciais – supermercados, farmácias, postos de combustíveis – e o “feriadão” começa na segunda (25) e deve se estender até a próxima quarta-feira (27). Serão antecipadas datas festivas como o 24 de junho e o Dois de Julho.

Nove municípios baianos adotarão a medida: justamente aqueles que já registram mais de 100 casos do novo coronavírus, o que inclui, obviamente, Salvador. A restrição busca reduzir a quantidade de gente circulando por aí. A medida, caso obtenha êxito, vai retardar um pouco a temida sobrecarga no sistema hospitalar.

Hoje (22) foi significativo o movimento de veículos pelo centro da Feira de Santana. Vias como a Maria Quitéria, Getúlio Vargas e Senhor dos Passos – alguns dos principais eixos de circulação no município – não ficaram congestionadas como nos dias normais, é claro. Mas a retração ficou distante do desejável, com certeza.

Circulando pela cidade é possível observar que muita gente não colabora: há quem ande sem máscara; outros, indisciplinados, penduram na testa ou no pescoço, como se fosse adereço; os mais discretos fingem que usam, mantendo o nariz de fora; puxar a máscara para falar, aos berros, com interlocutores distantes, também é muito comum.

Ao contrário do que se alega, pelas estreitas calçadas feirenses poucos estão atentos àquela distância prudente de 1,5 metro. Com mais gente circulando, os riscos de contaminação se ampliam. É o que as estatísticas sobre o Covid-19 no município revelam: bastou flexibilizar, semanas atrás, para o número de casos crescer, até de forma abrupta.

É necessário reconhecer, porém, que boa parte da população vem se comportado conforme determinam os protocolos. Saem pouco de casa, quando saem usam máscara, evitam aglomerações e utilizam álcool em gel para reduzir os riscos de infecção. E, sobretudo, suportam com silencioso estoicismo o calvário imposto pelo isolamento social.

Tomara que haja uma adesão maciça aos feriados. Porque, caso contrário, a doença pode seguir se alastrando e a saída, com segurança, pode demorar ainda mais. Ou – o que é igualmente danoso – as idas e vindas, os avanços e recuos da pandemia podem estrangular a atividade econômica que tantos querem que seja retomada de imediato.

Excêntricos que circulam por aí alegam que as medidas de segurança são coisa de conspiração comunista. Caso seu raciocínio estivesse correto – o que não é o caso – deveriam se alarmar: boa parte da população adere de maneira voluntária. São comunistas? Não. Apenas gente cuidadosa que deseja sobreviver ao Covid-19...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada fei...

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da...

O futuro das feiras-livres

Os rumos das atividades comerciais são ditados pelos hábitos dos consumidores. A constatação, que é óbvia, se aplica até mesmo aos gêneros de primeira necessidade, como os alimentos. As mudanças no comportamento dos indivíduos favorecem o surgimento de novas atividades comerciais, assim como põem em xeque antigas estratégias de comercialização. A maioria dessas mudanças, porém, ocorre de forma lenta, diluindo a percepção sobre a profundidade e a extensão. Atualmente, por exemplo, vivemos a prolongada transição que tirou as feiras-livres do centro das atividades comerciais. A origem das feiras-livres como estratégia de comercialização surgiu na Idade Média, quando as cidades começavam a florescer. Algumas das maiores cidades européias modernas são frutos das feiras que se organizavam com o propósito de permitir que produtores de distintas localidades comercializassem seus produtos. As distâncias, as dificuldades de locomoção e a intermitência das safras exigiam uma solução que as feiras...