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Mostrando postagens de fevereiro, 2016

Transporte de qualidade exige mais que ônibus novo

Em meados de janeiro a frota de ônibus novos, pertencente às empresas vencedoras da licitação ocorrida ano passado, começou a circular com estardalhaço pelas ruas da Feira de Santana. Dizia-se – com razão – que pela primeira vez o feirense dispunha de uma frota inteira de veículos totalmente novos para circular pela cidade. Nesse sentido, não restam dúvidas que houve um avanço elogiável em relação à triste realidade que sempre caracterizou o transporte coletivo no município, sobretudo nos últimos anos. Afinal, o feirense vinha penando há tempos circulando em veículos velhos e malcuidados. A disponibilidade de veículos novos é uma das medidas mais importantes para garantir o mínimo de dignidade ao transporte público em qualquer lugar pretensamente civilizado. No entanto, ao contrário do que alguns podem imaginar, não é a única iniciativa e, isoladamente, por si só, é incapaz de assegurar o funcionamento exitoso do sistema. É a percepção que parece estar faltando na Feira de Santana

A culpa da crise é dos barnabés

                                           Talentoso redator e cronista carismático, Rubem Braga escreveu cerca de 15 mil crônicas numa extensa e prolífica carreira jornalística.  Testemunhou a Segunda Guerra, exaltou o mar, o céu, a lua e as estrelas, injetou lirismo no cotidiano, divagou sobre o amor e as mulheres, contou inúmeros causos e encantou seus leitores rememorando a infância em Cachoeiro do Itapemirim. E, num texto inusitado, viu-se às voltas buscando confortar uma moça que, aprovada em concurso público, jamais foi convocada para assumir o cargo e exercer suas funções.                 Episódio triste: horas de estudos intensos, embalados por sonhos e expectativas, a tensão e o medo acossando-a para, adiante, experimentar o êxtase da aprovação. Por fim, o triste desfecho: jamais foi convocada. Numa carta, pedia conselho ou orientação. Pesaroso, o velho Braga constatou que questões do gênero resolviam-se com o “pistolão”, a tradicional cartinha do político amigo.     

Feira perdeu, em média, 18 empregos por dia em 2015

                    Há duas semanas o brasileiro tomou conhecimento do impacto da crise econômica sobre o estoque de empregos formais no País ano passado: 1,5 milhão de vagas a menos. Quase sempre, a divulgação do número nas emissoras de tevê foi acompanhada de matérias com desempregados que, à falta de alternativa melhor, aderiram ao universo dos biscateiros. E aí tome louvação à criatividade inata do brasileiro. Mas, com pirotecnia televisiva ou não, a informação dimensionou o impacto da crise econômica sobre os trabalhadores.           Conforme analisamos com frequência ao longo de 2015, a crise eliminou milhares de empregos na Feira de Santana. Mas somente agora em janeiro o número exato foi divulgado pelo governo: precisos 6.595 postos formais a menos, num intervalo de 12 meses. Na média, são quase 550 empregos a menos por mês. Por dia, essa média atingiu 18,3. Note-se que não se trata de números absolutos: é o saldo entre admissões e demissões. Em outras palavras, signific

Recordação de um olho d’água do Sobradinho

                                     Vá lá que, com a idade e o passar do tempo, a mente costuma adoçar o passado, arredondá-lo, aparar suas arestas, emprestar-lhe um ar mais favorável. Esse exercício de reedição do pretérito, impregnado de subjetividade, costuma ser pouco honesto: esquecemos os pequenos e os grandes aborrecimentos, tangendo os inconvenientes para os escaninhos do cérebro, de onde raramente permitimos que emerjam. Aquilo que foi bom, por sua vez, a princípio é exaltado, tratado com terna candura pela mente naquele curto intervalo de tempo posterior. Depois, à medida que o tempo amplia as lacunas na memória, nos dedicamos ao frenético esforço de reelaboração do pretérito, atribuindo-lhe cores mais vivas e mais favoráveis, recompondo o que foi esquecido, ampliando aspectos agradáveis, embriagando-o com o espírito saudosista do presente.             Noutras palavras, reeditamos o passado conforme nossa perspectiva presente. Evidentemente, no fantasioso universo m