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Mostrando postagens de julho, 2014

As mudanças nos hábitos alimentares II

Semana passada apresentamos uma digressão gastronômica sobre a Feira de Santana. Nela, observamos um fenômeno curioso: ao longo das últimas décadas cresceu significativamente o número de restaurantes à disposição dos feirenses e dos viajantes que desembarcam na cidade. Nesses estabelecimentos está acessível uma ampla variedade de pratos e, também, de preços. Fatores diversos contribuíram para essas transformações: mais dinheiro no bolso com o crescimento econômico da última década, maior dificuldade para chegar em casa em função do aumento dos engarrafamentos e o engajamento crescente das famílias no mercado de trabalho, o que reduz o tempo disponível para a preparação de alimentos. O aquecimento do setor gastronômico se traduz em efeitos positivos para a economia: mais restaurantes em funcionamento implica em ampliação na demanda pelos trabalhadores que, normalmente, integram o staff desses estabelecimentos: cozinheiros, garçons e chefes de cozinha, além da mão-de-obra aux

As mudanças nos hábitos alimentares I

Exatamente no dia 30 de julho de 1882, na Feira de Santana, o “Restaurant Commercial”, que funcionava nas dependências do extinto Hotel do Globo, promoveu uma “mesa redonda com vinho”, ao custo de dois mil-réis para os eventuais interessados. O convite, em forma de anúncio, foi publicado na página 4 do jornal “O Progresso”, que à época circulava no município. Anúncio anterior, em “O Motor”, de 30 de junho de 1877, indicava ampla variedade de vinhos, incluindo “Figueira, Porto e Xerez”, no mesmo estabelecimento.   No dia 11 de setembro de 1882 o “Restaurant Commercial” foi ampliado, conforme novo anúncio n’O Progresso. Para convencer a potencial clientela, o proprietário, Monteiro Júnior, anunciava que estava à disposição “completo sortimento de bebidas, doces e um cozinheiro habilitado”. Também garantia-se “aceio e commodidades para bem servir”, conforme a grafia da época. Uma análise dos periódicos daqueles anos, relançados em formato de livro pela Fundação Senhor dos P

Eleições em tempos de destilação de ódio

Nos primeiros dias do mês de julho começou, oficialmente, a campanha eleitoral. Até o último domingo todo mundo estava absorvido pela Copa do Mundo. É muito natural: a competição mobiliza os brasileiros a cada quatro anos, inebriando-os com um fervor patriótico pouco usual em circunstâncias normais. Em ocasião na qual a competição aconteceu no Brasil, é muito mais compreensível que as pessoas fiquem mais absorvidas, já que vai demorar décadas até a disputa do próximo Mundial por aqui. Então, boa parte dos brasileiros só vai começar a pensar nas eleições a partir das próximas semanas. E somente em agosto, quando começa o horário eleitoral na tevê é que, de fato, as opções vão se tornar mais claras e as escolhas dos eleitores ganharão maior densidade, aproximando-se dos resultados que serão extraídos das urnas. Até o momento grande parte dos esforços buscou ajustar as concertações partidárias e, nos casos dos candidatos a cargos majoritários, a elaboração dos programas de go

Urnas decidirão emancipação de Humildes

                É provável que, dentro em breve, o feirense vá às urnas decidir se autoriza ou não a emancipação do distrito de Humildes. É que segue caminhando no Senado a discussão sobre as regras para a criação de novos municípios no Brasil. Em maio houve um avanço importante: foi aprovado pelo plenário da Casa o texto principal do projeto que regulamenta a iniciativa. Ano passado, sensatamente, a presidente Dilma Rousseff vetou projeto semelhante, que viabilizava a criação de uma enxurrada de municípios.                 Porém, um acordo entre a Presidência e o Legislativo está permitindo nova apreciação do tema, com a imposição de regras mais rígidas. Muitas pretensões, com os critérios adotados, irão por água abaixo. Humildes, todavia, segue encaixando-se nos dispositivos que estão sendo negociados e, caso suas lideranças se mobilizem, o povo com certeza vai à boca da urna. Um dos critérios que o distrito atende é o populacional: nos estados do Norte e Nordeste, a pop

E o poder incomensurável da CBF?

Nos últimos três dias os brasileiros – e parte dos amantes do futebol pelo mundo – estão tentando entender o naufrágio da Seleção Brasileira contra a Alemanha, na tarde de terça-feira, em Belo Horizonte. Busca-se esquadrinhar o vexame em detalhes infinitesimais e uma profusão de análises – e de tolices também – ganhou as manchetes dos jornais, foi retransmitida pelas emissoras de televisão e circulou pela Internet. Sabe Deus quantos comentários e fotografias foram postados, deplorando ou ironizando o triste espetáculo da equipe canarinha. Noves fora o placar de 7 a 1 para os alemães, alguns detalhes estão presentes em todos os mundiais, sobretudo quando o Brasil acaba derrotado, como ocorreu pela terceira vez consecutiva. Talvez, dessa vez, a repercussão seja amplificada pela humilhação e pelo fato da Copa do Mundo ter acontecido no Brasil. Parte da mídia lucra milhões com a competição. Logo, mesmo que a Seleção vá mal – como ocorreu em boa parte dos jogos – evitam-se come